Uma manhãzinha é tempo suficiente pro amor. E a do último dia 29 foi feita dum ar cheio de graça, duma simplesinha de fazer sambar colo de pai, mãe, avós, tios, irmãos, amiguinhos, primarada! Foi feita do amor que vem do céu, de muita carochinha, de ternura, de doações, das eternidades que fazem brotar milagres, dos sorrisos e da leveza que só existem em almas de João e de Maria.
Bem cedinho, regados por uma chuvinha fina, fomos tornar Benjamin parte de uma das várias igrejas de Deus, aquela que mais se aproxima da nossa fé cristã. O batizado aconteceu na capelinha alumiada dum Lar que é tocado pela caridade, que é pleno de oferendas a famílias que tanto precisam de cafuné, refúgio e de outros cuidados pra afagar as tantas dores trazidas pelo câncer infantil – aquele mais ingrato.
Família e amigos abarrotaram nosso menino de chamegos. Ben – acelerado feito mais ninguém é na Terra – estava debruçado numa serenidade que só pode ter sido obra do Espírito Santo e daquele alento todo que recebemos naquele momento.
Depois, seguimos pro nosso quintal, era hora de celebrar os cinco anos de saúde, de esperteza, de manha, de gênio forte, de delicadeza de nossa Luíza. Nuvens num vai e vem. Grama verdinha, cajueiro, abacateiro, coqueiros… Tudo sombreando nossa terra molhada, nossa família cada dia mais firme, nosso afeto e até nossos conflitos. Almas cheias de sorriso, crianças soltas, espalhadas pelos galhos, pelas tantas cores daquele nosso lugar. Teve uma turma linda contado historinha rabiscada pelo amor de mãe que há em mim e criteriosamente ilustrada por um artista e amigo querido da família.
Tiveram livrinhos impressos com esta delicadeza toda e distribuídos aos pequenos. Teve deliciosa oficina de biscoitinhos. Teve brinquedos estendidos por toda parte. Teve decoração com quase tudo que a gente tinha em casa e um “rá-tim-bum” pleno de ternura. E tudo, tudo, tudo pensado, preparado, arrumado, disposto por nós. Feito sempre é. Juntar a família e os amigos mais amados pra se tornarem usinas artísticas nas nossas festinhas sem que ninguém seja profissional de festejo infantil já é martelo batido/ ponta virada lá em casa. E quanto encanto, poesia e graça há nisso.
É claro que há gasto. Sim, não há como fugir totalmente desta questão. Mas o investimento é, sem dúvida, bem menor do que se não estivéssemos envolvidos inteiramente em tudo. E o cansaço? A enxaqueca? As dores na coluna? A crises ansiolíticas? Esvaecem-se assim que nós miramos nossos convidados e nosso filhos espontaneamente comovidos e entregues a tudo aquilo que os acolhe, que os abriga com tanta ternura artesanal.
Qualquer iniciativa que tente afastar, de alguma forma, um pouco do consumismo de nossa vida é visto por nós como importante pra construção do nosso desapego com as coisas. Despertam o nosso entusiasmo ações que conseguem lançar uma nova percepção sobre a coisa do “ter”, do consumir, do desperdiçar. Atividades que valem a pena pra Luíza e pro Benjamin são aquelas que ensinam através do agrupamento, da partilha, da relação direta com a natureza, com o que é simples, com a diversão primária, as que os une a outras crianças como iguais, em espaços que possam ser tão acolhedores quanto o abraço de mãe, de pai, de amigos. Tentamos sempre levar esta leveza pras nossas festinhas.
Pensamos que são essas questões que fazem lançar, sem que as crianças nem sintam, um novo olhar sobre a importância que cada coisa deve ter em suas vidas. Queremos nossos filhos próximos a coisas do bem, libertos à criação, soltos às bênçãos da imaginação e da reciprocidade.
Tudo quanto é festinha que nossa família apronta, seja qual for o tema abraçado, o objetivo é sempre um só: instigar a vontade de compartilhar, de não estar recolhido, de saber lidar com as coisas como renováveis, de aprender por meio de atitudes simples e verdadeiramente capazes de fazer algum sentido bom pra melhoria do mundo.
Tentamos sempre fazer com que as festinhas de aniversário da Lulu e do Ben virem mensagens de amor. Deixe eu dar aqui alguns exemplos deste chafurdo bom que nós preparamos… Fizemos um aniversário num lar que atende a crianças carentes, sugerimos aos convidados
que levassem doações ao abrigo e às crianças atendidas. A festinha foi pra estas crianças e suas famílias. Elas eram o foco. Estavam leves, ternas.
As lembrancinhas foram manualmente preparadas pra elas. Duma outra vez, fomos celebrar a vida do nosso menino no Passeio Público, debaixo dum pé de Benjamin imenso. Lá, exploramos as brincadeiras e os brinquedos populares, e envolvemos todas as crianças que estavam naquele domingo no equipamento público. Meu Deus! Foi uma coisa absurda aquilo. Numa outra festinha, em casa mesmo, abordamos a questão da reciclagem. Construímos com as crianças brinquedos com caixa, com garrafa pet, com tubinhos vazios, com tampinhas, revistas. Chamamos um educador popular pra contar histórias sobre a importância de reciclar e pra dar oficina de brinquedos reciclados.
Noutra delicinha assim, abordamos o valor que existe em amar os bichos, a natureza, cuidar das plantas. Bom, são atitudes assim que consideramos essenciais pro crescimento de nossos filhos. O importante é que eles se vejam como pessoas integradas, responsáveis pela felicidade comum, que façam o bem naturalmente. Deste jeito, o bem também voltará a eles de modo simples e natural. E, caso não volte, eles estarão tão preenchidos pelo amor que suportarão algumas dores dum jeito muito mais firme e cheios de coerência e consciência.
Pra festejar a vida dos nossos filhos tem que ser assim: arregaçando as mangas, tocando as coisas com singeleza, com inclusão, dum jeito que faça rir a alma.
Amor e bênçãos.
Comments
Kelly Facó
07/04/2014Que coisa linda a família dessa amiga e o amor transmitido em forma criativa nos detalhes da festinha.
Parabéns Carol.
Bj
Caroliny Braga
08/04/2014kelly amada, quanto amor por você, por tudo que é você.
Izabel Taboza
08/04/2014Familia que amo, amiga irma, que sabe o que quer para seu ninho cheio de passarinhos… Exemplo! Eu e meus passarinhos temos muito orgulho
Caroliny Braga
09/04/2014bel amada, cê faz parte de tudo quanto é história nossa. é nossa guia sempre. coisa abençoada é ter você.