Mães, seus filhos não irão morrer se comerem potinho. Eles também não irão pegar qualquer doença grave se tomarem NAN antes dos seis meses ou usarem chupeta enquanto são pequenos. Eles não serão mais ou menos disciplinados se adormecerem na sua cama, se você não permitir que ele passe uma hora chorando desesperadamente ou forem fãs mirins do DVD da Galinha Pintadinha.
Tudo isso pode soar muito estranho e feio até. E não, não estou fazendo apologia a nenhuma das coisas acima, meus filhos seguem uma alimentação natural e saudável, são educados com regras, horários e rotina e pouco assistem televisão. Mas o que quero dizer é que não é preciso xiitismo maternal. Em alguns momentos, para a felicidade dos pequenos e para a sanidade mental dos pais, doses de exceção não farão mal a ninguém. Não dá para você alimentar todo dia seu filho com comidas artificiais, substituir o leite materno por fórmulas também não me parece sensato. Mas uma vez ou outra, por motivos especiais e justos, é uma causa nobre.
Nesse momento da história mundial, em que tudo tem que ser politicamente correto, onde milhões de informações estão ao alcance de um clique e que nós mulheres saímos para brigar por igualdade de gênero, mas chegamos em casa e ainda somos os mentores da gestão do lar e da educação de nossos filhos, é muita pressão e responsabilidade em uma pessoa só.
Digo sempre que quando nasce um bebê, nasce uma mãe e nasce a culpa. Estamos constantemente nos martirizando por termos negado algo aos pequenos, por não termos atendido o choro por indisciplina, por querermos sair sozinhas, por planejar uma viagem a dois, por estarmos cansadas etc etc e etc. A lista da culpa é imensa e para a nossa “infelicidade” eu já vou avisando: não importa o tamanho dos nossos filhos, ela nunca vai embora.
Então, o que podemos fazer para curtir uma maternidade saudável? Nos dedicar ao que realmente importa, afinal. Por experiência própria, venho buscando uma solução e até que apareça um método revolucionário e infalível, essa foi a melhor alternativa encontrada até o momento. O “Manual da Mãe Perfeita” nos coloca uma lista de cobranças que parece não ter fim. Uma relação inacabável de coisas que devemos fazer, evitar, ter e proporcionar para que nossos filhos cresçam saudáveis, fortes, espertos, sejam melhores que os dos vizinhos, andem primeiro, falem antes do tempo, depois sejam os melhores na escola e por aí vai.
Mas e aí, será que realmente é essa a prioridade? Será que desacelerar, diminuir as expectativas, fazer menos coisas e ter tempo para estar junto não é mais prazeroso e eficaz? Na primeira infância tudo o que seu filho mais precisa é de você. É do estreitamento dos laços de pertencimento, é dos valores da sua família, é do colo, das tardes em casa, do seu convívio.
Puxe pela memória, do que você se lembra com nostalgia da sua infância? Dos domingos em casa com seus pais e irmãos, de cheiro de bolo no forno que sua mãe fazia nos aniversários, das idas à praia, das festas em família, viagens juntos? O que afinal te marcou? Certamente não foi se a casa estava sempre arrumada, ou se a condição financeira te permitiu isso ou aquilo. Não foram as aulas de inglês, ballet, futebol ou o que quer que seja que seus pais colocaram na sua agenda. Foram os momentos juntos, foram as lembranças que nunca cansamos de recordar nos encontros de família e que repetidas vezes nos causam felicidade. É esse vínculo que faz da nossa casa um lar, que faz a casa da mãe da gente tão aconchegante, mesmo sem aquela super decoração do ano.
Presentear nossos filhos com nossa presença talvez seja o melhor caminho. O que dará a eles segurança, auto-estima e confiança para seguirem sem a gente lá na frente. E tudo passa rápido e sem o nosso controle que o melhor é aproveitar, juntos, sorrindo e de preferência fazendo bolha de sabão pela janela.
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